Soro contra veneno do escorpião nordestino ficará pronto em um ano.

O Tityus Stigmurus já matou 13 pessoas em Pernambuco no ano passado (Foto: Divulgação/Fellipe Souza)

            A picada de um escorpião é um evento rápido. Em poucos minutos, o veneno do animal se espalha pela corrente sanguínea, podendo levar o paciente à morte. Pior ainda se, no momento do socorro, houver dificuldade de se identificar a espécie. É por isso que o pesquisador Matheus Pedrosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vem desenvolvendo um soro à base de proteínas que promete combater a peçonha do Tityus Stigmurus, o escorpião mais comum na Região Nordeste do Brasil.As vítimas desse aracnídeo de carapaça amarela com manchas escuras são, principalmente, crianças de 1 a 4 anos. Os sintomas mais comuns são dores fortes no corpo, náuseas, suor excessivo e até alterações respiratórias nos casos que não forem tratados em menos de oito horas. 
            No Recife, há maior incidência do animal nos bairros de Nova Descoberta, Boa Viagem, Água Fria, Ibura e Casa Amarela.Os médicos costumam aconselhar que, ao ser picado, o paciente mate o animal e o leve para análise. Isso facilita a medicação. No entanto, de acordo com Pedrosa, professor do departamento de Farmácia da UFRN, o soro aplicado aos pacientes não contém propriedades específicas contra o veneno do “escorpião do Nordeste”, o que atrasa a imunização. "Se houvesse um soro mais direcionado, os pacientes se sentiriam aliviados dos sintomas com maior rapidez", diz o pesquisador. O estudo se baseia na retirada de moléculas de proteína do veneno produzido pelo T. Stigmurus. Após essa etapa, o produto será testado em ratos de laboratório, o que dará origem à medicação. "Já conseguimos isolar as moléculas necessárias. Cremos que, dentro de um ano, poderemos ter o soro pronto", afirma.

Laíza Freire foi picada por um filhote do Tityus Stigmurus(Foto: Luiz Filipe Freire/Especial para o NE10)

             Caso esse soro já estivesse pronto, o tipo de sofrimento seria outro para Laíza Freire, de 16 anos. A estudante, mesmo não estando no grupo de risco, foi picada no pé pelo escorpião no momento em que brincava descalça na frente de casa. "Senti uma dor muito aguda. Estava um pouco escuro e, mesmo assim, minha mãe conseguiu encontrar o animal e matá-lo", lembra. Ela diz que, mesmo após ser medicada, sentiu algumas dores de cabeça. "Mas acabei tendo sorte porque ele era apenas um filhote; acho que foi por isso que o veneno não foi tão forte", diz Laíza, lembrando da explicação do médico.
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MORTES - O pesquisador Matheus Pedrosa tem boas expectativas com o andamento e finalização do estudo e crê que o projeto é o primeiro da área com direcionamento para o Nordeste, região que acumula 46 óbitos em 2010 - 28% dos casos são concentrados apenas em Pernambuco. O Estado contabilizou 13 casos letais no ano passado. Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), vinculado ao Ministério da Saúde, um sistema de monitoramento que obriga, por lei, estados e municípios a fornecerem dados sobre a notificação e investigação dos acidentes com animais peçonhentos, como os escorpiões, por exemplo. "Com esse estudo, esperamos diminuir os casos de óbito de toda essa nossa região", conclui.

Luiz Filipe Freire
Participante do curso de Divulgação Científica da UFPE

falameupovo.blogspot.com

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